Thursday, September 28, 2006

"A excisão, como o cinto de castidade, é o medo que o homem tem da mulher" (Entrevista a Khady Koita, activista)

"Três milhões de meninas são excisadas a cada ano. Na chamada África Negra, mas também na Indonésia, no Egipto e até na Europa. Há entre 130 e 150 milhões de mulheres no mundo a quem o clitóris foi cortado e esta senegalesa muçulmana a viver na Bélgica é uma delas. Em Lisboa para promover o seu livro e participar num seminário, fala deste crime e de como combatê-lo.Conta no seu livro como foi excisada, aos sete anos, "de surpresa": o clitóris "serrado" a sangue frio com uma lâmina velha enquanto três mulheres a seguravam, a dor, o sangue, o silêncio dos adultos.

Quando é que alguém lhe explicou o que tinha acontecido e porquê?

Nunca. Ninguém me explicou porque, suponho, quem faz isso também não sabe porque o faz. E eu também não fiz perguntas. Mas quando começamos a investigar, quando se lê sobre isso e se fala com os "velhos", temos várias respostas: faz-se para que a rapariga possa chegar virgem ao casamento, para que a mulher seja fiel ao marido; outros dizem que é preciso tirar "aquilo" porque se o marido lhe tocar morre, ou então é o bebé ao nascer que pode morrer... A maioria dir-lhe-á que é feito para agradar ao marido. Em nome da honra e dignidade do homem. Para que a mulher não seja demasiado gulosa por sexo...

A origem da prática está identificada? É costume associá-la ao islamismo e a África.

Sabe-se que já no tempo dos faraós se fazia a infibulação, que é a forma de excisão mais brutal, em que se corta tudo e se cose a vagina à mulher - foram encontradas múmias assim. Aliás no Egipto, ainda hoje, 97% das mulheres são excisadas. Em África faz-se no Iémen, no Djbuti, na Eritreia, na Somália. Mas faz-se também na Indonésia e no Curdistão iraquiano - não é uma prática só africana. E não é feita só pelos muçulmanos. Também os cristãos e os animistas a praticam. Não há uma religião específica dos que a fazem nem textos religiosos - não está no Corão nem na Bíblia - a preconizá-la. Mas como as mulheres de um modo geral não sabiam ler, disseram- -lhes que era um preceito religioso, e elas acreditaram que tinha de ser feito. Sobretudo porque foram educadas na ideia de que se não fossem excisadas não casavam, e se não casassem, não existiam. Por isso, a luta contra a excisão passa também por alfabetizar as mulheres. Desde que possam ler e escrever, começam a reflectir.

Mas se alguém acredita num deus que teria feito tudo o que existe, e portanto as mulheres tal como nascem, como defender que teria criado todas as mulheres "com defeito"?

Claro: se Deus fez as mulheres com clitóris, é porque acha que faz falta. É por isso que digo aos homens: "São vocês que instigam isto; é uma ideia vossa". É como o cinto de castidade que foi inventado na Europa, como quando os médicos europeus queimavam o clitóris das raparigas para, supostamente, lhes curar a histeria. O propósito é o mesmo: controlar a sexualidade da mulher. Vem do medo que os homens têm das mulheres .

Quando é que começou a questionar-se sobre isso?

Já adulta. Bastante tempo depois de ir viver para França.

Escreve que as relações sexuais eram penosas e dolorosas com o seu primeiro marido. É possível ter prazer sendo excisada?

Em todo o lado - talvez à excepção da Europa actual - espera-se que o homem tenha prazer no sexo, mas a mulher não, e menos ainda quando casada contra vontade, como no meu caso. Eu nem sequer participava no acto. Quanto à dor, depende da forma como se foi excisada. Umas mulheres têm-na, outras não. Mas mesmo sem clitóris é possível ter prazer sexual - depende do parceiro. E hoje em dia há médicos que reconstroem o clitóris. Resulta em alguns casos.

Fala também de problemas no parto devido à mutilação.

Aquela zona está cicatrizada, perdeu a elasticidade, o que implica que as mulheres fiquem todas rasgadas e tenham dores horríveis. Mas nos primeiros partos eu não sabia que isso se devia à excisão, ninguém me disse "você foi mutilada e vai ter este e aquele problema". Nenhum dos médicos que me seguiu mencionou sequer o assunto. Isto em França! Tinha 15 anos quando dei à luz pela primeira vez e a médica que me viu não me fez uma única observação sobre a cicatriz que viu no lugar do clitóris. Só depois da morte de três meninas, em França, nos anos 80, é que isso começou a mudar. A mais mediatizada foi a de uma bebé do Mali, de três meses, em 1982. Na sequência disso começou a haver formação nessa área entre os médicos e o pessoal da assistência social.

Três das suas filhas foram excisadas em França, nos anos setenta, por uma amiga sua, que nem sequer lhe pediu permissão. Mas escreve que se ela tivesse perguntado, teria assentido...

Nessa época, o meu espírito não estava preparado para criticar, ou mesmo para questionar a prática. Nunca me tinha perguntado se estava bem ou mal. Era normal e era preciso fazê-lo. Foi muito mais tarde, quando comecei a envolver-me, como intérprete, na luta contra a violência sobre as mulheres que conheci, nos hospitais, uma associação que combate a excisão e da qual fazem parte muitas médicas, que me explicaram as consequências nefastas da excisão. Como vê, hoje, a atitude dos médicos que se calaram?É o relativismo cultural, aquela ideia "É a cultura deles, não temos nada a ver com isso". Mas há cultura e cultura! A mutilação sexual feminina tem de ser vista no contexto dos direitos humanos. E aí não há cores nem culturas. Não se pode fazer discriminação em termos de direitos humanos, dizer que são só para alguns. Mas são também as comunidades imigrantes que dizem: "vivemos aqui mas não queremos ser como vocês, não queremos adoptar os vossos valores". E aí há um conflito, como no caso da interdição do véu muçulmano nas escolas públicas francesas. Eu sou muçulmana e não uso véu. No meu país não se usa. E acho que se deve respeitar o direito da escola. Se são essas as regras da escola laica, se eu a frequento devo respeitá-las. Tal como, se estou num país, tenho de respeitar os seus valores, adaptar-me. Claro que há conflitos. Mas penso que nos países em que os imigrantes não vivem todos ao molho, em gueto, as coisas funcionam melhor.

Que devem os países europeus fazer?

Não é essencial fazer leis específicas contra a excisão: creio que em nenhum lugar da Europa é permitido mutilar qualquer parte do corpo. O que é preciso é ter atenção a essa realidade. Por exemplo, em França, todas as crianças dos zero aos seis anos são examinadas, incluindo o sexo, nas consultas pediátricas, e tudo é anotado na ficha respectiva. E explica-se à família tudo o que há a explicar sobre a excisão em termos de saúde, sublinhando que é uma prática interdita, ilegal, e que se a criança aparecer excisada o médico será obrigado a comunicar o facto ao ministério público. Em França há mais de 30 processos por esse motivo. E na Suécia houve um processo contra um pai que fez excisar a filha de 13 anos na Somália. "

Friday, September 15, 2006

Send a Blue Helmet to Darfur



Just click on the post's title!!! Make our generation worthwhile to remember, act now!!! As an African I cannot just sit down and watch innocent people being killed nor allow Sudan's government to finish it's hedious job!!!

17 of September - Use a Blue Hat for Darfur

Just click the post's title to put your own blue helmet!

Wednesday, September 13, 2006

Gideon - My Morning Jacket

Gideon.

What have you told us at all?

Make a sound, come down off the wall.

Religion, should appeal to the hearts of the young.

Who are you? what have you become?

You animal.

Come on.

What does this remind you of?

Truly.

Truly we have become.

Hated and feared for something we don't want.

Listen.

Listen.

Most of us believe that this is wrong.

You animal.

Come on.

What does this remind you of?

Animal.

Come on.

What does this remind you of?

Animal.

Come on

Tuesday, September 12, 2006

Friday, September 01, 2006


"Para que não restem quaisquer dúvidas e perante algumas críticas que recebemos, a responsabilidade do título de capa "Abominável Universidade Nova" (que remete para o artigo no interior com o título "Admirável Universidade Nova", este sim assinado por Maria de Fátima Bonifácio) é inteiramente minha, como director da Atlântico.Como me parecia óbvio, o adjectivo "abominável" deveria ser lido com ironia, não pretendendo pôr de modo algum em causa a importância da Universidade enquanto instituição e dos professores universitários em geral, não se referindo também a qualquer universidade em especial. Muito obrigado."

in
http://revista-atlantico.blogspot.com/

Depois de um título destes e depois de ler este post do editor de tão prezada revista (também sei ser irónica meu senhor), decidi dispender 4 euros para a comprar, ler o dito artigo e poder criticar este senhor pela escolha do título. Pois se o senhor editor afirma que o título não se refere a nenhuma Universidade em especial, então É O EDITOR MAIS IGNORANTE a nível nacional!!! Eu sou a primeira a criticar o ensino nacional, a primeira a criticar as universidades em geral, não só as nacionais, mas também as internacionais que na maioria dos casos estão alienadas do mundo de trabalho, estão obcecadas com a teoria e esquecem-se de que a realidade é demasiado complexa para encaixar na perfeição nos pressupostos teóricos. Em consequência os alunos que completam estudos universitários entram no mercado de trabalho sem conhecimentos práticos, sem capacidade de trabalharem imediatamente nas funções para que supostamente foram formados e no país, infelizmente, muitos dos empregadores acham que o facto de se ter formação superior significa que já sabem fazer tudo, na minha área, por exemplo, gerir uma empresa ou elaborar um projecto de investimento para uma candidatura a quaisquer fundos comunitários ou um empréstimo bancário. Muitas das vezes os universitários são puramente lançados aos "tubarões", sem a adequada formação prática que, uma vez que não foi administrada pelas universidades, a empresa deveria fornecer.

Sim o sistema está incorrecto e merece estas e muitas outras críticas. Mas se o artigo não se refere a nenhuma universidade em particular, então este SENHOR EDITOR É DO MAIS IGNORANTE POSSÍVEL E DO MAIS INCOMPETENTE OU TEM UMA AGENDA POR DETRÁS, pois para sua informação existe uma universidade em Portugal que por acaso se chama Universidade Nova de Lisboa, universidade que tive o prazer de frequentar e que pelo menos no curso de Gestão que frequentei é a melhor do país, é certo com as limitações nacionais, mas a Faculdade de Economia da Universidade Nova tem feito esforços contínuos de investimento em investigação na área (tendo alguns dos seus paper vencido prémios internacionais), de recrutamento de professores competentes nas suas áreas de especialização e muitos com experiência profissional a nível empresarial, ou seja não são apenas académicos. É certo que nem todos primam pela excelência mas a concorrência internacional por professores é extrema e o país em si um pouco limitado. Apesar disso tive alguns professores excelentes e penso que extremamente competentes, alguns que me marcaram para a vida, em termos profissionais.

O certo é que quem vir esta revista nas bancas e devido ao seu preço, 4 euros, simplesmente ficara pelo título da capa e pensará imediatamente na Universidade Nova de Lisboa (muitas vezes apenas chamada de Universidade Nova) e pensará que a Universidade Nova de Lisboa está a formar ignorantes, ficando de fora todas as outras universidades nacionais. Ora isto é difamação pura e simples, é uma ofensa aos meus pais que fizeram imensos sacrifícios para que eu e a minhas irmãs pudessem tirar cursos superiores (sendo que a minha irmã mais nova frequenta igualmente a Universidade Nova) e é uma ofensa aos estudantes da Nova e aos que se formaram na Nova. Como em tudo esta Universidade formou alguns ignorantes, mas talvez não tenha formado um tão ignorante como universidade que formou o editor desta revista, que não compreendeu algo do mais básico em termos de marketing, que um título daqueles não remete às universidades em geral, mas a uma universidade em especial, que poderá ter ficado com a sua imagem prejudicada pela irresponsabilidade e incompetência dum pseudo intelectual. A Universidade Nova, não é uma Católica que pode dispender as quantidades que quiser em marketing para atrair os melhores alunos do país, é uma universidade pública, que apesar de o ser tem tentado oferecer as melhores condições aos seus alunos e pelo menos nas faculdades de Economia, Direito, ISEGI e FCT tem o conseguido, que não vai poder gastar rios de dinheiro para limpar a sua imagem devido à incompetência de um editor de uma revista para poder salvaguardar não só os alunos que agora a frequentam como os que se formaram na instituição e para não perder a capacidade de atrair os melhores alunos do país.

A questão será, será que o senhor editor é apenas ignorante e incompetente ou que tem uma agenda dissimulada, porque isto é um assunto que move vários interesses e muito dinheiro sobretudo para certas instituições privadas.